Quando um investidor compra ações de uma empresa, ele se torna sócio dela. Isso significa que ele também tem direito a uma parte dos lucros, sempre proporcional à sua participação no capital da companhia. Essa parcela dos resultados constitui os famosos dividendos, que são um atrativo adicional para quem investe em ações, pois garantem rendimento mesmo em caso de queda do valor do papel.
Todas as empresas brasileiras listadas na B3 que registram lucro – informação divulgada no balanço – incluem em seu estatuto social a porcentagem do resultado que será distribuída (não há um percentual mínimo). Se o documento não trouxer essa informação, a companhia tem a obrigação de distribuir 50% do lucro líquido ajustado. Por isso, vale checar no estatuto social da companhia qual a política adotada. O pagamento pode ser mensal, semestral ou anual. Mas, caso a empresa não tenha registrado lucro no período, a distribuição de dividendos fica suspensa.
Empresas consolidadas em seus mercados, com demanda garantida, grande capacidade de gerar receita e menor necessidade de investimento tendem a distribuir mais dividendos. Bons exemplos são concessionárias de serviços públicos como energia e saneamento.
Além das ações, fundos imobiliários, cujas cotas também são negociadas na bolsa, e BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que são recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas na B3, também pagam dividendos.
Quais são os tipos de dividendos?
Os proventos (dividendos) das empresas podem ser distribuídos de diversas formas. A escolha é feita pela empresa e visa a atrair novos investidores e recompensar quem já é acionista. O pagamento de dividendos pode ser feito em dinheiro, ações, Juros sobre Capital Próprio (JCP) e direito de subscrição.
- Dinheiro: A forma mais simples e conhecida é a distribuição direta do lucro em dinheiro para os acionistas. O valor é definido por ação (por exemplo, R$ 1 por ação) e vai diretamente para a conta do acionista na corretora, de acordo com a quantidade de ações que ele possui. Como a empresa já pagou o Imposto de Renda sobre o lucro, esse valor é isento para o investidor.
- Ações: Outra opção é a distribuição em forma de ações. Em vez de receber uma quantia em reais, o investidor recebe mais ações da empresa. Por exemplo, 10 ações adicionais para cada 100 ações que o investidor possui.
- Juros sobre Capital Próprio (JCP): Os JCP são um pagamento semelhante ao dividendo em dinheiro, mas com uma diferença na tributação. A empresa não realiza o pagamento antecipado do imposto, ficando a cargo de cada investidor pagar 15% de Imposto de Renda sobre o valor recebido.
- Direito de Subscrição: Ocorre quando o acionista ganha o direito de comprar novos papéis emitidos pela empresa antes dos demais investidores, muitas vezes por um valor abaixo do mercado. Caso o investidor receba direitos de subscrição, ele terá um prazo para decidir se vende o direito ou o exerce. É importante ficar atento, pois se a ação estiver mais barata no mercado, pode não valer a pena usar o direito de compra antecipada.
Essas opções de distribuição de proventos oferecem flexibilidade tanto para as empresas quanto para os investidores, permitindo que cada um escolha a melhor forma de aproveitar os lucros gerados.
Você sabia?
A Vale (VALE3) foi a empresa que mais pagou dividendos em 2021, distribuindo mais de R$ 73 bilhões. Em seguida, veio a Petrobras (PETR3 e PETR4), que pagou R$ 62,3 bilhões em dividendos.
Como são pagos os dividendos?
Os pagamentos de dividendos podem ser feitos de forma mensal, trimestral, semestral ou anual. Não existe uma periodicidade fixa. Porém, essa decisão não acontece de uma hora para outra.
A empresa que decide distribuir os proventos precisa, em primeiro lugar, da aprovação do conselho de administração. Depois disso, deve protocolar o processo de pagamento na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Esse protocolo serve, entre outras coisas, para informar os acionistas e as demais pessoas interessadas sobre quando e como os dividendos serão pagos.
A agenda de dividendos é um conjunto de previsões que serve para que os investidores consigam acompanhar as empresas e os pagamentos. Ela costuma ter as seguintes informações:
- Data de Declaração: A data em que a empresa anuncia a distribuição dos dividendos.
- Data Ex-Dividendo: A data a partir da qual as ações são negociadas sem direito ao dividendo declarado. Para ter direito ao dividendo, o investidor deve possuir as ações antes dessa data.
- Data de Registro: A data em que a empresa identifica os acionistas que terão direito a receber os dividendos.
- Data de Pagamento: A data em que os dividendos serão efetivamente pagos aos acionistas.
Essas informações ajudam os investidores a planejar e acompanhar os recebimentos de dividendos, permitindo uma gestão mais eficiente de seus investimentos.
O que é data de declaração do dividendo?
A data de declaração é o momento em que o conselho de administração de uma empresa anuncia que haverá o pagamento de dividendos. Essa declaração costuma informar os seguintes pontos:
- Valor do dividendo: O quanto será pago por ação.
- Data de registro: A data em que a empresa registra todos os acionistas que vão receber os lucros.
- Data de pagamento: A data em que os investidores irão receber o valor estipulado.
Essas informações são essenciais para que os acionistas saibam exatamente quanto, quando e como receberão os dividendos, permitindo um planejamento financeiro mais eficaz.
O que é data ex-dividendo (ou data ex)?
Também chamada de data ex-dividendo, essa data é definida pela empresa e comunicada ao mercado junto com as informações sobre a data de pagamento e o valor dos dividendos. Ela serve para organizar quem vai receber o dividendo anunciado pela empresa.
Quem comprou ações da empresa antes da data ex-dividendo receberá os lucros distribuídos. Quem comprar depois, não terá direito ao dividendo. Nesse caso, quem terá direito ao valor será o vendedor das ações.
A data ex-dividendo normalmente ocorre dois dias úteis antes da data de registro, mas isso pode variar em pagamentos que não são feitos em dinheiro.
O que é data de registro?
Após anunciar a distribuição dos lucros e definir a data ex-dividendo, a empresa deve determinar a data de registro. Ou seja, o dia em que registrará todos os acionistas que receberão dividendos e enviará relatórios financeiros, procurações e outras informações relevantes.
Data de pagamento dos dividendos
Como o nome já diz, a data de pagamento é o último passo da distribuição de dividendos. É o dia em que o provento será creditado ao acionista.
Como calcular quanto irá receber
Por ser parte do lucro líquido de uma empresa, o que determina o valor dos dividendos distribuídos é o resultado financeiro da organização. O lucro líquido é o valor que “sobra” das operações de uma companhia, após a dedução de todos os descontos cabíveis, inclusive impostos.
Esse valor pode ser facilmente encontrado nos relatórios que são enviados aos investidores e também no site da B3.
Se não houver lucro, pode não haver dividendo. Mas, para evitar essa situação, algumas empresas criam uma espécie de “reserva de lucro” para ser distribuída mesmo em caso de prejuízo.
Existem duas formas principais de calcular quanto o acionista irá receber na distribuição de dividendos. São elas:
1. Valor por Ação
Cada investidor recebe uma quantia baseada no número de papéis que possui. Por exemplo, se você possui 100 ações da Vale e a empresa decide pagar R$ 5 por ação de seu dividendo anual, o seu rendimento será de R$ 500 (100 ações x R$ 5 por ação).
2. Dividend Yield (DY)
Apesar das companhias sempre informarem o valor dos dividendos em reais, o cálculo também pode ser feito pelo Dividend Yield, que é a porcentagem pré-definida do valor atual da ação. Digamos que uma empresa tenha anunciado a distribuição de um Dividend Yield de 2%. Se, por exemplo, o papel está sendo negociado a R$ 60, o dividendo por ação seria de R$ 1,20 (2% de R$ 60).
Resumo:
- Valor por ação: Rendimento baseado no número de ações que o investidor possui.
- Dividend Yield (DY): Rendimento baseado na porcentagem do valor atual da ação.
Esses métodos ajudam os investidores a entender e calcular seus rendimentos de dividendos, oferecendo uma visão clara sobre os benefícios de investir em ações que distribuem lucros regularmente.