
Trump e Lula tiveram reunião de 50 minutos de portas fechadas
Passada a expectativa do primeiro encontro oficial dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump para conversar sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, a questão agora é: o que esperar dos próximos passos das negociações?
Lula e Trump se encontraram às margens da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático, na Malásia.
Apesar de breve, o encontro foi “supreedentemente bom”, na opinião de Lula. Trump concordou, elogiou Lula e parabenizou o presidente brasileiro pelo seu aniversário de 80 anos.
A reunião na Malásia foi o primeiro passo para um acordo difícil, no qual o Brasil terá que ceder. O desfecho poderá levar semanas ou até meses, segundo o professor de Relações Internacionais do Ibmec, Alexandre Pires.
Praxe diplomática
Pires explica que o encontro foi o início de um mecanismo bilateral, marcando a autorização dos chefes de Estado para que suas equipes iniciem as negociações. Na sequência, ainda na Malásia, ocorreu a definição de agendas e do local.
“Havia expectativa ali das equipes de que alguma coisa avançasse pelo lado americano, mas a negociação será dura”, afirmou, destacando que o Brasil está sob investigação na representação comercial americana, com relação às suas práticas.
“Um estado de emergência econômica foi declarado apenas sobre o Brasil, portanto, existem pontos difíceis. Uma parte considerável dos elementos para a tarifa de 40% que se somou à de 10% tem componentes políticos, jurídicos e regulatórios. Assim como outros países estão tendo que ceder para fazer acordos com os Estados Unidos, o Brasil não será diferente”, enfatiza o especialista.
Na opinião do professor, os acordos que têm sido assinados por outros países seriam difíceis de aceitar para o Brasil.
“Especialmente zerar as tarifas para produtos americanos e eliminar, na totalidade ou quase na totalidade, barreiras não tarifárias. Isso tudo será discutido, especialmente com um componente geopolítico, como a aproximação do Brasil com a China e o legado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Vários pontos provavelmente serão usados pelos americanos nessas negociações para persuadir o Brasil a aceitar um acordo semelhante ao que outros países tiveram que assinar com os americanos.”
Segundo ele, os próximos passos agora são o agendamento dos encontros, que deverão ocorrer nos Estados Unidos, além da definição das equipes, autorizações e vistos. Também se espera o resultado das investigações americanas sobre o comércio brasileiro.
Foco agora é a China
De qualquer forma, o professor de Relações Internacionais ressalta que o foco dos Estados Unidos agora é a China e a busca pela assinatura de um acordo comercial que poderá ocorrer em Gyeongju, na Coreia do Sul, no final deste mês, no encontro entre Trump e Xi Jinping.
“Depois disso, o Brasil pode voltar à pauta e a discussão pode se acelerar ou não. É importante lembrar que a China está há meses negociando com um poder de barganha muito maior que o nosso. Outros países tiveram que ceder rapidamente e o Brasil já enfrenta tarifas há três meses. Agora, veremos como as equipes procederão.”
O que vai para a mesa de negociações
Alexandre Pires afirma que há muito tempo a diplomacia brasileira não enfrenta negociações bilaterais; o Brasil tem privilegiado fóruns multilaterais.
“Mas o mundo mudou e agora resta esperar como o Brasil vai responder às exigências, aos pontos da pauta dos americanos e o que conseguiremos colocar na mesa de negociação. Temos minerais críticos, terras raras, um grande mercado consumidor para produtos americanos, incluindo etanol. Provavelmente, o mercado de licitações públicas e regulamentações da Anatel também serão discutidos. O Brasil vai precisar negociar essas questões com os americanos.”
Ele também afirma que a equipe brasileira está ciente do acordo comercial que os Estados Unidos já têm estruturado; resta saber se conseguirá modificar os termos sem que os parceiros americanos que já assinaram acordos se sintam prejudicados em relação ao Brasil.
“Vai ser um processo difícil e poderá exigir semanas ou meses. Torcemos para que seja feito rapidamente, eliminando essas tarifas que pesam sobre as empresas brasileiras e sobre o potencial de crescimento do Brasil”, conclui o professor Alexandre Pires.

Trump e Lula tiveram reunião de 50 minutos de portas fechadas
Passada a expectativa do primeiro encontro oficial dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump para conversar sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, a questão agora é: o que esperar dos próximos passos das negociações?
Lula e Trump se encontraram às margens da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático, na Malásia.
Apesar de breve, o encontro foi “supreedentemente bom”, na opinião de Lula. Trump concordou, elogiou Lula e parabenizou o presidente brasileiro pelo seu aniversário de 80 anos.
A reunião na Malásia foi o primeiro passo para um acordo difícil, no qual o Brasil terá que ceder. O desfecho poderá levar semanas ou até meses, segundo o professor de Relações Internacionais do Ibmec, Alexandre Pires.
Praxe diplomática
Pires explica que o encontro foi o início de um mecanismo bilateral, marcando a autorização dos chefes de Estado para que suas equipes iniciem as negociações. Na sequência, ainda na Malásia, ocorreu a definição de agendas e do local.
“Havia expectativa ali das equipes de que alguma coisa avançasse pelo lado americano, mas a negociação será dura”, afirmou, destacando que o Brasil está sob investigação na representação comercial americana, com relação às suas práticas.
“Um estado de emergência econômica foi declarado apenas sobre o Brasil, portanto, existem pontos difíceis. Uma parte considerável dos elementos para a tarifa de 40% que se somou à de 10% tem componentes políticos, jurídicos e regulatórios. Assim como outros países estão tendo que ceder para fazer acordos com os Estados Unidos, o Brasil não será diferente”, enfatiza o especialista.
Na opinião do professor, os acordos que têm sido assinados por outros países seriam difíceis de aceitar para o Brasil.
“Especialmente zerar as tarifas para produtos americanos e eliminar, na totalidade ou quase na totalidade, barreiras não tarifárias. Isso tudo será discutido, especialmente com um componente geopolítico, como a aproximação do Brasil com a China e o legado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Vários pontos provavelmente serão usados pelos americanos nessas negociações para persuadir o Brasil a aceitar um acordo semelhante ao que outros países tiveram que assinar com os americanos.”
Segundo ele, os próximos passos agora são o agendamento dos encontros, que deverão ocorrer nos Estados Unidos, além da definição das equipes, autorizações e vistos. Também se espera o resultado das investigações americanas sobre o comércio brasileiro.
Foco agora é a China
De qualquer forma, o professor de Relações Internacionais ressalta que o foco dos Estados Unidos agora é a China e a busca pela assinatura de um acordo comercial que poderá ocorrer em Gyeongju, na Coreia do Sul, no final deste mês, no encontro entre Trump e Xi Jinping.
“Depois disso, o Brasil pode voltar à pauta e a discussão pode se acelerar ou não. É importante lembrar que a China está há meses negociando com um poder de barganha muito maior que o nosso. Outros países tiveram que ceder rapidamente e o Brasil já enfrenta tarifas há três meses. Agora, veremos como as equipes procederão.”
O que vai para a mesa de negociações
Alexandre Pires afirma que há muito tempo a diplomacia brasileira não enfrenta negociações bilaterais; o Brasil tem privilegiado fóruns multilaterais.
“Mas o mundo mudou e agora resta esperar como o Brasil vai responder às exigências, aos pontos da pauta dos americanos e o que conseguiremos colocar na mesa de negociação. Temos minerais críticos, terras raras, um grande mercado consumidor para produtos americanos, incluindo etanol. Provavelmente, o mercado de licitações públicas e regulamentações da Anatel também serão discutidos. O Brasil vai precisar negociar essas questões com os americanos.”
Ele também afirma que a equipe brasileira está ciente do acordo comercial que os Estados Unidos já têm estruturado; resta saber se conseguirá modificar os termos sem que os parceiros americanos que já assinaram acordos se sintam prejudicados em relação ao Brasil.
“Vai ser um processo difícil e poderá exigir semanas ou meses. Torcemos para que seja feito rapidamente, eliminando essas tarifas que pesam sobre as empresas brasileiras e sobre o potencial de crescimento do Brasil”, conclui o professor Alexandre Pires.
