Inevitavelmente, a tecnologia bio-hybrid adotada pela Fiat aumenta o custo dos modelos. Contudo, a fabricante verificou que poderia contar com o custo total de aquisição (CTA) nos principais mercados do país para vender seus modelos. Diversos estados oferecem redução e até isenção de IPVA para automóveis híbridos. Em São Paulo e Brasília, por exemplo, o imposto é zerado. No Rio, a alíquota é reduzida de 4% para 1,5% do valor do veículo. Já Minas Gerais adota uma regra específica: veículos produzidos no estado são isentos, enquanto os demais pagam 4%. O Fastback Impetus se enquadra nessas normas.
Devido a esses incentivos, a versão que custa R$ 169.330, a mais cara da marca, consegue uma redução de até R$ 6.800 por ano, compensando o acréscimo de R$ 6 mil no preço do modelo. Com isso, a versão intermediária do SUV cupê eleva o custo/benefício, oferecendo muitos recursos disponíveis nos carros da Fiat. Na linha 2026, o Fastback atualizou sua aparência com uma nova grade com aletas verticais, para-choque redesenhado e detalhes em preto, que conferem maior robustez ao modelo.
O Fastback Impetus conta com ar condicionado digital, revestimento em couro nos bancos, painel de instrumentos digital de 7 polegadas e central multimídia com tela de 10,1 polegadas, incluindo Apple CarPlay e Android Auto com espelhamento sem fio e carregador por indução. A versão conta também com freio de estacionamento elétrico, acionamento eletrônico e chave presencial para travamento e ignição, além de botão de partida. O pacote de recursos ADAS inclui alerta de colisão com frenagem autônoma, alerta de mudança de faixa e farol alto automático. Também possui sensores dianteiros e traseiros, câmera de ré e lanternas full LED. Faltam, no entanto, airbags de cabeça – conta apenas com frontais e laterais – e controle de cruzeiro adaptativo.
Quando as versões com tecnologia híbrida foram lançadas, no ano passado, eram oferecidas como opcionais. Agora, as versões Audace e Impetus sempre vêm com o emblema azul na tampa do porta-malas com a palavra Hybrid. Essas versões já representam 60,5% das vendas do modelo, com as versões T200 e Abarth sendo as únicas não híbridas. Somente este ano, o Fastback Impetus Hybrid representou quase 15% das 45 mil unidades vendidas do SUV da Fiat mais vendido em 2025.
Além das vantagens fiscais, o Fastback híbrido proporciona uma economia de combustível considerável, que se reflete também em menores emissões e maior autonomia. A média de consumo de etanol medida pelo InMetro aumentou de 8,5 para 8,9 km/l, enquanto com gasolina a média subiu de 12,1 para 12,6 km/l, resultando em uma redução de até 5%. Nas medições em ambiente rodoviário, o motor a combustão revelou-se mais econômico, registrando 10,1 km/l com etanol e 14,3 km/l com gasolina, um aumento de 3%.
O consumo urbano se deve à lógica da tecnologia híbrida leve, que utiliza um motor-gerador, excluindo o alternador e o motor de arranque. O sistema inclui duas baterias de 12 V: uma convencional no compartimento do motor, de 68 Ah, e outra sólida, de íon de lítio, posicionada sob o banco do motorista. Nesse sistema, o motor elétrico não movimenta o carro, mas economiza combustível no impulso do motor a explosão em momentos críticos, como arranques e retomadas, entre 1.500 e 3 mil giros. O motor elétrico oferece até 4 cv e 1 kgfm, aliviando até 25% do esforço total.
Esse ganho de eficiência ocorre apenas em baixas rotações e não impacta o desempenho em rodovias, embora o consumo seja maior devido ao peso das peças do sistema híbrido. O motor T200 mantém a mesma potência máxima de 125/130 cv e torque de 20,4 kgfm das versões a gasolina. O motor GSE 1.0 turbo de três cilindros é gerenciado por um câmbio CVT da japonesa Aisin, que possui sete relações pré-programadas, com possibilidade de manobras via paddle shifts no volante. A tração é dianteira e o modelo utiliza o sistema de controle de tração TC+ presente no Pulse, que permite bloquear a ação do diferencial e frear isoladamente uma roda sem aderência.
O Fastback apresenta um ajuste de suspensão levemente esportivo em todas as versões, sem comprometer o conforto devido à sua proposta familiar, refletida no amplo porta-malas de 600 litros (1.087 litros com a segunda fileira rebatida). Os números também são compatíveis com essa proposta: a aceleração de 0 a 100 km/h ocorre entre 9,4 e 9,6 segundos, dependendo da mistura de etanol e gasolina no tanque, alcançando uma velocidade máxima de 194/196 km/h.
Desempenho – A potência de 125/130 cv e o torque de 20,4 kgfm do motor GSE 1.0 turbo lidam bem com os 1.271 kg do SUV cupê. Com uma relação peso/potência em torno de 10 kg/cv, o Fastback disponibiliza potência constante, mas não oferece um comportamento esportivo – isso é reservado às versões Limited e Abarth. Em baixas rotações, há uma leve ajuda do sistema híbrido, mas sem afetar o desempenho direto. O câmbio CVT é compatível com o motor T200, que por ter baixa inércia, oferece boas arrancadas e retomadas em menos de 10 segundos. O sistema TC+, quando ativado, limita o escorregamento do diferencial em baixas velocidades e pode ser útil em terrenos menos radicais, conferindo uma certa personalidade SUV ao modelo. Nota 8.
Estabilidade – O Fastback possui uma suspensão macia, característica da Fiat no Brasil, mas as versões agora têm rodas maiores, aro 18 com pneus 215/45, que ajudam a controlar a rolagem lateral nas curvas mais acentuadas, mantendo o conforto. A versão Impetus apresenta um leve aumento na altura livre, de 19,9 cm, mas isso não gera preocupações. Nota 8.
Interatividade – O painel digital configurável de 7 polegadas dessa versão exibe um gráfico do nível de carga do sistema elétrico e mantém os mesmos recursos das versões a combustão. A central multimídia com tela sensível ao toque de 10,1 polegadas oferece espelhamento de smartphones sem fio e tem GPS nativo. Outras funções são disponibilizadas através de controles intuitivos. O volante multifuncional inclui um chamativo botão vermelho Sport para alterar o modo de condução. Nota 9.
Consumo – Segundo o Inmetro, o Fiat Fastback Audace 200 Turbo Hybrid Flex registrou médias de 8,9/9,8 km/l com etanol e 12,6/13,9 km/l com gasolina, na cidade e na estrada, respectivamente. A similaridade nos índices de consumo entre cidade e estrada se deve ao fato de o sistema híbrido leve atuar em revoluções mais baixas, como ocorre geralmente na cidade, além do aumento do peso do veículo, o que impacta também o consumo em estradas. Enquanto isso, o índice resulta em nota B na categoria e C no geral, com B em emissões. Nota 7.
Conforto – A suspensão é eficiente em filtrar as irregularidades, mesmo sendo um pouco mais rígida que na versão Audace, devido ao uso de rodas maiores e pneus de perfil mais baixo. O espaço interno é amplo, em parte pela estrutura do sedã Cronos. A plataforma MLA confere boa rigidez e transmite uma sensação de solidez em superfícies irregulares. Os bancos têm ergonomia adequada, com bom apoio lateral, e a insonorização da cabine é bem eficiente. Nota 8.
Tecnologia – O sistema híbrido, apesar de seus efeitos limitados, mostra uma tendência inevitável frente ao endurecimento das normas de emissões. O Fastback Impetus recebeu atualizações em relação ao projeto original do Argo/Cronos, incluindo recursos ADAS básicos, como alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, monitoramento de faixa e farol alto automático. A conectividade da central Uconnect é das mais práticas do segmento, oferecendo espelhamento de smartphones sem fio de forma descomplicada, com tela de 10,1 polegadas e GPS integrado. Nota 9.
Habitabilidade – A altura elevada do teto cria um espaço generoso e confortável. Na frente, os ocupantes têm boa liberdade de movimentação e atrás há espaço suficiente para as pernas, sem depender da boa vontade dos passageiros que estão na frente. Como um carro com intenções de ser um Gran Turismo, poderia contar com mais porta-objetos. Além do porta-copos e do espaço para carregar dispositivos sem fio, há apenas os bolsões nas portas e o espaço sob o apoio de braço central. Com uma capacidade de 600 litros, o porta-malas é generoso e comparável ao de minivans. Nota 9.
Acabamento – A Fiat agrega valor percebido a partir da escolha de materiais que, mesmo não sendo caros, apresentam texturas e padrões agradáveis que valorizam o interior. Na versão testada, Impetus, o interior apresenta algum requinte com revestimento em couro sintético nos bancos, bem como em áreas de toque, como câmbio, volante e apoios de braço nas portas. Nota 8.
Design – Na linha 2026, o Fastback Impetus apresenta uma nova grade com aletas verticais, um friso preto na borda do capô, rodas escuras e para-choques redesenhados. Na parte traseira, a seção inferior do para-choque também foi remodelada. Nesse novo design da Fiat, o objetivo é evidenciar a robustez dos modelos, valorizando a altura. De forma geral, a combinação da carroceria com a traseira alta e lanternas estreitas do Fastback remete a SUVs cupês de luxo, principalmente ao BMW X4, o que não representa uma desvalorização. As linhas orgânicas harmonizam-se bem com os detalhes geométricos. Nota 9.
Custo/benefício – A família híbrida da Fiat se beneficia do custo total de aquisição, que devolve a cada ano um valor próximo ao custo adicionado pelo sistema elétrico auxiliar. Assim, mesmo com um preço inicial mais alto em comparação ao Volkswagen Nivus ou Citroën Basalt, outros SUVs cupês do segmento, o custo/benefício se mostra bastante favorável. Além disso, é maior e tem linhas ousadas e marcantes. Nota 8.
Total – O Fiat Fastback Impetus 200 Turbo Hybrid Flex obteve 83 pontos em 100 possíveis.
As mudanças no comportamento do Fastback Impetus são sutis. A economia foi aprimorada na cidade, devido ao sistema híbrido, e a estabilidade foi incrementada na estrada com o novo conjunto de rodas e pneus. Atrás do volante, o painel informa sobre a condição do modelo por meio de um pequeno mostrador que indica o nível de carga da bateria. O verdadeiro propósito desse sistema híbrido leve é reduzir as emissões, proporcionando eficiência no consumo urbano, em conformidade com as exigências do Proconve L8, que exige que parte da produção atenda aos novos padrões de emissões desde janeiro deste ano.
Nada disso altera a boa performance que o SUV cupê apresenta com o motor T200, que oferece 125/130 cv e 20,4 kgfm. As acelerações de 0 a 100 km/h ficam abaixo de 10 segundos e o modelo apresenta bom desempenho ao longo de toda a faixa de rotações, com acelerações suaves e progressivas. O câmbio CVT harmoniza-se bem com o motor, que pode apresentar demora nas reações, mas isso não compromete a vivacidade do modelo.
A linha 2026 deu um visual renovado ao Fastback, mais moderno e robusto, além de um novo conjunto de rodas aro 18 com pneus 215/45, que aumentaram a estabilidade sem prejudicar o conforto. As reações do modelo são bem controladas, especialmente em asfalto liso, embora reações em pisos irregulares sejam um pouco diferentes. Mesmo em uma condução mais agressiva, a rolagem do carro é bem contida.
O habitáculo do Fastback é o mais espaçoso da categoria, aumentando a sensação de amplitude com o teto solar panorâmico e boas áreas para pernas e cabeça. A largura da cabine é adequada ao segmento, mas três adultos podem se sentir apertados nos bancos de trás. Caso a proposta do modelo seja viajar, é melhor limitar o número a quatro passageiros. Por outro lado, há bastante espaço para bagagens, com capacidade de 600 litros no porta-malas.
Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 999 cm³, sobrealimentado por turbo, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, eixo de comando simples no cabeçote e injeção eletrônica multiponto.
Motor elétrico: Com 12 V, 3 kWh (4,08 cv) de potência e 1,02 kgfm de torque. Dianteiro transversal acoplado mecanicamente ao motor a explosão com funções de arranque, propulsão e gerador, alimentado por uma bateria auxiliar de íon de lítio.
Transmissão: Automático continuamente variável, CVT, com sete relações pré-programadas à frente e uma à ré. Tração dianteira com sistema de tração TC+ para limitação do escorregamento do diferencial.
Potência: 125 cv a 130 cv, com gasolina e etanol, a 5.750 rpm.
Torque: 20,4 kgfm, com gasolina ou etanol, a 1.750 rpm.
Diâmetro X curso: 70,0 x 86,5 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 9,6/9,4 segundos com gasolina/etanol.
Velocidade máxima: 194/196 km/h com gasolina/etanol.
Carroceria: Crossover cupê em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,43 metros com 1,77 m de largura, 1,55 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. Possui airbags frontais, laterais e de cabeça de série.
Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.
Freios: Dianteiro a disco ventilado com 284 mm de diâmetro com pinça flutuante. Traseiro a tambor com regulagem automática. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.
Pneus: 215/45 R18.
Peso: 1.271 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.
Capacidade do porta-malas: 600 litros expansível para 1.087 litros com a segunda fileira rebatida.
Tanque de combustível: 47 litros.
Lançamento da versão no Brasil: novembro de 2024.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Preço da versão Impetus: R$ 169.330.
Preço da unidade testada: R$ 170.320.