Não é comum ter a realeza ao seu lado, mas esse é um privilégio que Charles Leclerc, natural de Monte Carlo e vencedor inédito do GP de Mônaco deste domingo, desfruta.
Ao subir ao pódio para receber o troféu da vitória das mãos do príncipe Albert II, o monarca não conseguiu conter as lágrimas e ainda abraçou o piloto da Ferrari.
“O Príncipe estava muito emocionado. Nós nos conhecemos há muito tempo, lembro que quando eu tinha 12 ou 13 anos, fomos ao palácio com meu pai para tentar algum apoio para minha carreira. Desde então, ele sempre esteve de olho, sempre me apoiou, sempre disse palavras bonitas em momentos muito bons, mas também em momentos difíceis. O fato de ele ter me visto crescer e todo o apoio que me deu tornou tudo muito emocionante para mim e também para ele”, disse Leclerc.
Partindo da pole position pela terceira vez nas ruas onde nasceu e cresceu, Leclerc dominou a corrida de ponta a ponta; fez duas largadas impecáveis e cruzou a linha de chegada à frente de Oscar Piastri, da McLaren. Ele se tornou o primeiro piloto de Mônaco a vencer em Monte Carlo em 74 anos de F1.
A transmissão oficial capturou o momento em que o príncipe Albert II chorou, antes de entregar o troféu da vitória a Leclerc e abraçá-lo.
O piloto estava sereno ao subir no pódio, com uma bandeira de Mônaco nas costas – mas havia chorado nas últimas dez voltas da corrida, dentro do carro.
“Na verdade, percebi a duas voltas do final que estava com dificuldades para enxergar porque estava com lágrimas nos olhos. E eu pensei: “Caramba, Charles, você não pode fazer isso agora. Você ainda tem duas voltas para terminar”. Foi muito difícil conter essas emoções, esses pensamentos sobre as pessoas que me ajudaram a chegar onde estou hoje. É só mais uma vitória, mas emocionalmente, significa muito”, revelou o monegasco.
Vitória dedicada ao pai falecido
Assim que deixou o carro, Leclerc dedicou a inédita conquista deste domingo a seu pai, Hervé Leclerc, que faleceu em 2017 aos 54 anos devido a um câncer.
Na coletiva pós-corrida, o piloto da Ferrari compartilhou mais sobre as lembranças com seu pai, que esteve presente em toda a sua trajetória desde o início.
“Em quase todas as corridas que participei, não houve uma em que eu estivesse pensando em coisas pessoais dentro do carro, porque você tem que permanecer focado. Talvez em Baku em 2017 (após a morte de seu pai). Tudo ainda estava muito fresco na minha cabeça então foi difícil administrar mentalmente. Mas essa foi a primeira vez que isso aconteceu novamente, flashbacks de todos os momentos que passamos juntos, todos os sacrifícios que ele fez para que eu chegasse onde estou hoje. Esse não é apenas o meu sonho, mas o sonho de ambos”, disse o monegasco.
O triunfo pôs fim a uma “maldição” que assombrava Leclerc desde sua estreia na Fórmula 2 em 2017: até este ano, ele havia abandonado ou perdido a chance de lutar por um pódio em Monte Carlo nas seis vezes em que competiu em casa, mesmo largando da pole duas vezes, em 2021 e 2022.
Com 138 pontos, o monegasco mantém a vice-liderança no campeonato de pilotos, que é liderado por Max Verstappen. Os dois estão separados por 23 pontos.