
La Niña pode trazer alteração nas chuvas do país
Com o retorno da La Niña este ano, os meteorologistas estão atentos às mudanças no regime de chuvas e nas condições atmosféricas em diferentes regiões do Brasil.
O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, tanto na região próxima à América do Sul quanto no centro do oceano. A variação pode parecer pequena — apenas 0,5°C abaixo da média —, mas o impacto é significativo, de acordo com especialistas.
Como o fenômeno afeta o Brasil?
Em entrevista ao Portal iG, o meteorologista do Inmet, Lizandro Gemiaki, esclarece como o fenômeno afeta o país.
Segundo o especialista, os efeitos mais conhecidos são o aumento das chuvas nas regiões do Norte e Nordeste, e a redução delas no Sul. No Sudeste, a tendência é de chuvas contínuas. No Centro-Oeste e na região Norte, as alterações são menos perceptíveis, mas ainda podem ocorrer.
“A La Niña cria ondas que se propagam em todo o mundo e que provocam o que chamamos de teleconexões atmosféricas, sistemas que fazem com que as chuvas de algumas regiões do país aumentem e em outras diminuam”, explica.
“Na região Sudeste, o fenômeno tem a característica de mudar a gênese da chuva. Assim, durante o El Niño, há mais calor e as chuvas ocorrem na forma de pancadas, enquanto no caso da La Niña, os sistemas meteorológicos se desenvolvem melhor e atuam por vários dias, resultando em temperaturas mais amenas e chuvas mais contínuas; no entanto, a precipitação total tende a ser semelhante”, detalha o meteorologista.

Chuva na Grande SP
Ele ressalta que o fenômeno La Niña não implica a ausência de chuvas intensas, mas sim uma mudança no padrão de distribuição. “Pode haver chuvas mais intensas, mas o que predomina ao longo da atuação do La Niña são zonas de convergência do Atlântico Sul mais constantes e maior nebulosidade, o que reduz um pouco as temperaturas”.
Impactos pelo país
Lizandro reforça que a La Niña estabelece um padrão climático característico no país: “Há um sistema bem definido entre o Norte e o Nordeste, onde aumenta a nebulosidade, e o Sul, onde a chuva diminui. No restante do país, o que muda é o tipo de formação da chuva”, afirma.
No entanto, o meteorologista destaca que essa influência não é determinante para eventos extremos específicos: “Existem, de fato, algumas anomalias conhecidas que o La Niña provoca, mas cada ano é diferente e conta com outras variáveis. Temos outros tipos de oscilações globais, como a oscilação antártica e a oscilação decadal do Pacífico, que também atuam de forma conjunta, tornando difícil a separação causa e efeito. Os fenômenos de maior escala, como La Niña e El Niño, geralmente prevalecem, mas seus efeitos não são constantes a cada ano”, explica.
La Niña em 2025
Com os recentes recordes de temperatura dos oceanos e as mudanças climáticas em curso, a previsão é de que o comportamento da La Niña em 2025 seja menos previsível.
“Cada evento tem suas particularidades. Outras oscilações atmosféricas podem amplificar ou atenuar seus efeitos. A probabilidade de repetir os padrões de La Niñas anteriores é alta, mas nem sempre as previsões se confirmam”.
Lizandro ainda enfatiza: “A expectativa é de uma La Niña fraca, portanto não se esperam grandes efeitos. Deve haver uma pequena diferença em relação à média da temperatura, mas nada muito grave ou extremo. Será uma leve anomalia: na estação chuvosa, predominam sistemas de larga escala, com menos pancadas no fim da tarde, embora estas possam ainda ocorrer. No Sul, a previsão é de menos chuva. Como a expectativa é por um fenômeno fraco, não devem ocorrer grandes impactos”.
Monitoramento constante
Diante do cenário incerto do fenômeno, Lizandro destaca a importância do monitoramento diário. “Estamos em um período de transição entre a seca e a estação chuvosa, que favorece a formação de temporais com granizo, ventos fortes e descargas elétricas, principalmente no Sudeste. Acompanhar as previsões diárias é fundamental para minimizar os riscos decorrentes desses eventos”, orienta.

La Niña pode trazer alteração nas chuvas do país
Com o retorno da La Niña este ano, os meteorologistas estão atentos às mudanças no regime de chuvas e nas condições atmosféricas em diferentes regiões do Brasil.
O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, tanto na região próxima à América do Sul quanto no centro do oceano. A variação pode parecer pequena — apenas 0,5°C abaixo da média —, mas o impacto é significativo, de acordo com especialistas.
Como o fenômeno afeta o Brasil?
Em entrevista ao Portal iG, o meteorologista do Inmet, Lizandro Gemiaki, esclarece como o fenômeno afeta o país.
Segundo o especialista, os efeitos mais conhecidos são o aumento das chuvas nas regiões do Norte e Nordeste, e a redução delas no Sul. No Sudeste, a tendência é de chuvas contínuas. No Centro-Oeste e na região Norte, as alterações são menos perceptíveis, mas ainda podem ocorrer.
“A La Niña cria ondas que se propagam em todo o mundo e que provocam o que chamamos de teleconexões atmosféricas, sistemas que fazem com que as chuvas de algumas regiões do país aumentem e em outras diminuam”, explica.
“Na região Sudeste, o fenômeno tem a característica de mudar a gênese da chuva. Assim, durante o El Niño, há mais calor e as chuvas ocorrem na forma de pancadas, enquanto no caso da La Niña, os sistemas meteorológicos se desenvolvem melhor e atuam por vários dias, resultando em temperaturas mais amenas e chuvas mais contínuas; no entanto, a precipitação total tende a ser semelhante”, detalha o meteorologista.

Chuva na Grande SP
Ele ressalta que o fenômeno La Niña não implica a ausência de chuvas intensas, mas sim uma mudança no padrão de distribuição. “Pode haver chuvas mais intensas, mas o que predomina ao longo da atuação do La Niña são zonas de convergência do Atlântico Sul mais constantes e maior nebulosidade, o que reduz um pouco as temperaturas”.
Impactos pelo país
Lizandro reforça que a La Niña estabelece um padrão climático característico no país: “Há um sistema bem definido entre o Norte e o Nordeste, onde aumenta a nebulosidade, e o Sul, onde a chuva diminui. No restante do país, o que muda é o tipo de formação da chuva”, afirma.
No entanto, o meteorologista destaca que essa influência não é determinante para eventos extremos específicos: “Existem, de fato, algumas anomalias conhecidas que o La Niña provoca, mas cada ano é diferente e conta com outras variáveis. Temos outros tipos de oscilações globais, como a oscilação antártica e a oscilação decadal do Pacífico, que também atuam de forma conjunta, tornando difícil a separação causa e efeito. Os fenômenos de maior escala, como La Niña e El Niño, geralmente prevalecem, mas seus efeitos não são constantes a cada ano”, explica.
La Niña em 2025
Com os recentes recordes de temperatura dos oceanos e as mudanças climáticas em curso, a previsão é de que o comportamento da La Niña em 2025 seja menos previsível.
“Cada evento tem suas particularidades. Outras oscilações atmosféricas podem amplificar ou atenuar seus efeitos. A probabilidade de repetir os padrões de La Niñas anteriores é alta, mas nem sempre as previsões se confirmam”.
Lizandro ainda enfatiza: “A expectativa é de uma La Niña fraca, portanto não se esperam grandes efeitos. Deve haver uma pequena diferença em relação à média da temperatura, mas nada muito grave ou extremo. Será uma leve anomalia: na estação chuvosa, predominam sistemas de larga escala, com menos pancadas no fim da tarde, embora estas possam ainda ocorrer. No Sul, a previsão é de menos chuva. Como a expectativa é por um fenômeno fraco, não devem ocorrer grandes impactos”.
Monitoramento constante
Diante do cenário incerto do fenômeno, Lizandro destaca a importância do monitoramento diário. “Estamos em um período de transição entre a seca e a estação chuvosa, que favorece a formação de temporais com granizo, ventos fortes e descargas elétricas, principalmente no Sudeste. Acompanhar as previsões diárias é fundamental para minimizar os riscos decorrentes desses eventos”, orienta.