
Crianças brincam em marco da fronteira entre Brasil e Venezuela
Uma intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela, cuja possibilidade foi reforçada pelo presidente Donald Trump, ao autorizar ações da Agência Central de Inteligência (CIA) no território venezuelano, pode gerar turbulências nas fronteiras com o país.
A análise é da cientista política Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, a pedido do Portal iG.
Segundo ela, os Estados Unidos vêm demonstrando a intenção de uma ação intervencionista, que retomaria uma política americana de intervenção direta naquela região, com ações secretas para minar o regime venezuelano.
Na avaliação da especialista, diante dos movimentos de Trump, até o momento, os governos da América Latina têm mostrado cautela e também uma grande preocupação em relação ao impacto que isso teria em outros países, principalmente os que fazem fronteira com a Venezuela, como o Brasil e a Colômbia.
“Os países ficam em alerta frente a uma ação como essa. Gera um sentimento de instabilidade regional diante da visão do intervencionismo americano”, afirmou.
Entre as turbulências que uma intervenção militar poderia gerar, Denilde Holzhacker aponta a volta do fluxo grande de imigrantes na fronteira brasileira com a venezuelana.
“Também não se sabe o tipo de armamento que os Estados Unidos possam vir a utilizar. E, se isso atingir alguma área, pode gerar alguma reação do Brasil. Enfim, são muitas questões. Mas uma guerra sempre gera mobilidade das pessoas e isso pode pressionar novamente a fronteira do Brasil e também a fronteira da Colômbia”, enfatiza.
Violação de regras internacionais
Ainda de acordo com a cientista política, qualquer intervenção de um país para derrubar o regime de outro viola as leis internacionais.
Neste caso, os Estados Unidos tentam justificar a ação alegando que o regime do presidente Nicolás Maduro tem atuado de forma a gerar uma insegurança para os Estados Unidos.
“A acusação do Trump é que o Maduro fomenta o narcotráfico e atinge a sociedade americana. O que se sabe é que grupos de narcotráfico têm atuado de forma intensa na América Central e no tráfico de drogas, que atinge os Estados Unidos. Mas a real intenção é a mudança do regime, que é autoritário e hostil aos Estados Unidos também. A intenção é derrubar e fazer uma mudança na Venezuela para se conseguir um governo mais pró-Estados Unidos”, avalia.
É consenso entre os analistas que uma interferência dos Estados Unidos na Venezuela pode garantir a Trump o controle de uma das maiores reservas de petróleo do planeta.
Intervenção norte-americana
Um artigo da Universidade de Harvard, de 2005, mencionou os episódios em que os Estados Unidos intervieram na América Latina para forçar uma mudança de governo.
Desde 1898 até 1994, ocorreram 41 ocasiões: aproximadamente uma vez a cada dois anos.
Esses episódios envolveram Cuba, Panamá, Nicarágua, México, Haiti, República Dominicana, Guatemala e a própria Venezuela.
A hostilidade dos Estados Unidos e seus esforços para derrubar o governo venezuelano fazem parte de uma longa história de intervenção norte-americana na América Latina.
Desde a chegada dos chavistas ao poder, em 1999, Caracas e Washington mantêm uma relação conflituosa.
Em 2002, um golpe de estado tirou Hugo Chávez da presidência por dois dias, mas foi revertido por militares fiéis ao ex-presidente.
Documentos vazados indicavam que os Estados Unidos apoiaram a derrubada de Chávez, financiando e treinando grupos de oposição e buscando formas de minar o governo chavista.
Em 2017, os Estados Unidos sancionaram o setor financeiro da Venezuela após Maduro instalar uma Assembleia Constituinte que retirou os poderes da Assembleia Nacional, então controlada pela oposição.
Em 2019, Washington aplicou um embargo contra o petróleo venezuelano e apoiou a tentativa do deputado Juan Guaidó de assumir o controle do país.
Desde meados de 2022, após a guerra da Ucrânia, o embargo econômico contra a Venezuela vinha sendo parcialmente flexibilizado, segundo analistas.

Crianças brincam em marco da fronteira entre Brasil e Venezuela
Uma intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela, cuja possibilidade foi reforçada pelo presidente Donald Trump, ao autorizar ações da Agência Central de Inteligência (CIA) no território venezuelano, pode gerar turbulências nas fronteiras com o país.
A análise é da cientista política Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM, a pedido do Portal iG.
Segundo ela, os Estados Unidos vêm demonstrando a intenção de uma ação intervencionista, que retomaria uma política americana de intervenção direta naquela região, com ações secretas para minar o regime venezuelano.
Na avaliação da especialista, diante dos movimentos de Trump, até o momento, os governos da América Latina têm mostrado cautela e também uma grande preocupação em relação ao impacto que isso teria em outros países, principalmente os que fazem fronteira com a Venezuela, como o Brasil e a Colômbia.
“Os países ficam em alerta frente a uma ação como essa. Gera um sentimento de instabilidade regional diante da visão do intervencionismo americano”, afirmou.
Entre as turbulências que uma intervenção militar poderia gerar, Denilde Holzhacker aponta a volta do fluxo grande de imigrantes na fronteira brasileira com a venezuelana.
“Também não se sabe o tipo de armamento que os Estados Unidos possam vir a utilizar. E, se isso atingir alguma área, pode gerar alguma reação do Brasil. Enfim, são muitas questões. Mas uma guerra sempre gera mobilidade das pessoas e isso pode pressionar novamente a fronteira do Brasil e também a fronteira da Colômbia”, enfatiza.
Violação de regras internacionais
Ainda de acordo com a cientista política, qualquer intervenção de um país para derrubar o regime de outro viola as leis internacionais.
Neste caso, os Estados Unidos tentam justificar a ação alegando que o regime do presidente Nicolás Maduro tem atuado de forma a gerar uma insegurança para os Estados Unidos.
“A acusação do Trump é que o Maduro fomenta o narcotráfico e atinge a sociedade americana. O que se sabe é que grupos de narcotráfico têm atuado de forma intensa na América Central e no tráfico de drogas, que atinge os Estados Unidos. Mas a real intenção é a mudança do regime, que é autoritário e hostil aos Estados Unidos também. A intenção é derrubar e fazer uma mudança na Venezuela para se conseguir um governo mais pró-Estados Unidos”, avalia.
É consenso entre os analistas que uma interferência dos Estados Unidos na Venezuela pode garantir a Trump o controle de uma das maiores reservas de petróleo do planeta.
Intervenção norte-americana
Um artigo da Universidade de Harvard, de 2005, mencionou os episódios em que os Estados Unidos intervieram na América Latina para forçar uma mudança de governo.
Desde 1898 até 1994, ocorreram 41 ocasiões: aproximadamente uma vez a cada dois anos.
Esses episódios envolveram Cuba, Panamá, Nicarágua, México, Haiti, República Dominicana, Guatemala e a própria Venezuela.
A hostilidade dos Estados Unidos e seus esforços para derrubar o governo venezuelano fazem parte de uma longa história de intervenção norte-americana na América Latina.
Desde a chegada dos chavistas ao poder, em 1999, Caracas e Washington mantêm uma relação conflituosa.
Em 2002, um golpe de estado tirou Hugo Chávez da presidência por dois dias, mas foi revertido por militares fiéis ao ex-presidente.
Documentos vazados indicavam que os Estados Unidos apoiaram a derrubada de Chávez, financiando e treinando grupos de oposição e buscando formas de minar o governo chavista.
Em 2017, os Estados Unidos sancionaram o setor financeiro da Venezuela após Maduro instalar uma Assembleia Constituinte que retirou os poderes da Assembleia Nacional, então controlada pela oposição.
Em 2019, Washington aplicou um embargo contra o petróleo venezuelano e apoiou a tentativa do deputado Juan Guaidó de assumir o controle do país.
Desde meados de 2022, após a guerra da Ucrânia, o embargo econômico contra a Venezuela vinha sendo parcialmente flexibilizado, segundo analistas.