
Relatório culpa falhas de engenharia por tragédia do Titan
Um relatório oficial divulgado nesta semana concluiu que a implosão do submersível Titan, da empresa OceanGate, durante uma expedição aos destroços do Titanic em junho de 2023, foi causada por falhas graves de engenharia e falta de testes adequados. O acidente matou os cinco ocupantes a bordo, incluindo o presidente-executivo e cofundador da companhia, Stockton Rush. As informações são da BBC.
A investigação conduzida pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) revelou que o processo de engenharia do Titan foi “inadequado”, resultando em defeitos que impediram a embarcação de atender aos requisitos mínimos de resistência e durabilidade.
O órgão afirmou ainda que a OceanGate não realizou testes suficientes para determinar a real capacidade estrutural do veículo, o que a deixou sem saber a força efetiva do casco antes da viagem fatal.
De acordo com o NTSB, o submersível já apresentava danos prévios e deveria ter sido retirado de operação antes de sua última descida ao Atlântico Norte, onde desapareceu durante a tentativa de alcançar os destroços do Titanic, localizados a cerca de 3.880 metros de profundidade e 600 quilômetros da costa de Newfoundland, no Canadá.
Tragédia anunciada
O Titan, com 6,7 metros de comprimento, tinha uma cabine de passageiros feita de fibra de carbono e extremidades de titânio. Cada participante da expedição pagou até US$ 250 mil para participar da imersão. Além de Rush, estavam a bordo o explorador francês Paul-Henri Nargeolet, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, seu filho Suleman Dawood, de 19 anos, e o bilionário britânico Hamish Harding.
O submersível implodiu a 3.363 metros de profundidade, a poucos metros do local onde repousam os restos do Titanic. Essa foi a segunda versão do veículo, a primeira havia sido descartada após falhas em testes anteriores, segundo o relatório.
Em agosto de 2023, um relatório preliminar da Guarda Costeira dos EUA já havia classificado o acidente como “totalmente evitável”, criticando as “práticas de segurança criticamente falhas” da OceanGate.
Cultura de negligência e desprezo pela segurança
Durante a apuração, o NTSB descobriu problemas profundos na cultura de segurança da empresa. Embora alguns funcionários afirmassem que a segurança era prioridade, outros relataram um ambiente em que preocupações técnicas e estruturais eram ignoradas.
Um ex-diretor de operações marítimas e um técnico da companhia descreveram uma cultura empresarial que minimizava riscos e privilegiava a pressa em atender clientes ricos, chamados internamente de “especialistas de missão”, uma forma de contornar leis norte-americanas que proíbem o transporte de passageiros em veículos experimentais.
O técnico contou ter alertado Stockton Rush sobre a ilegalidade de “rebatizar passageiros pagantes”, ao que o executivo teria respondido:
“Se a Guarda Costeira virar um problema, compro um congressista e resolvo isso.”
Consequências e recomendações
Após a tragédia, a OceanGate encerrou definitivamente suas operações. O relatório final do NTSB aponta que as normas voluntárias dos Estados Unidos e de organismos internacionais foram insuficientes para garantir que a empresa seguisse os padrões de segurança estabelecidos para veículos de pressão tripulados.
O órgão recomendou que a Guarda Costeira dos EUA conduza um estudo detalhado sobre a forma como esses veículos são avaliados e, se necessário, atualize as regulamentações para impedir que tragédias semelhantes ocorram no futuro.
A implosão do Titan, além de evidenciar o risco extremo das expedições privadas em águas profundas, levantou um debate mundial sobre a responsabilidade de empresas que operam fora das normas de segurança marítima.
Para o NTSB, o desastre serve como um alerta sobre os perigos de negligenciar a engenharia e a supervisão técnica em nome da inovação e do lucro.

Relatório culpa falhas de engenharia por tragédia do Titan
Um relatório oficial divulgado nesta semana concluiu que a implosão do submersível Titan, da empresa OceanGate, durante uma expedição aos destroços do Titanic em junho de 2023, foi causada por falhas graves de engenharia e falta de testes adequados. O acidente matou os cinco ocupantes a bordo, incluindo o presidente-executivo e cofundador da companhia, Stockton Rush. As informações são da BBC.
A investigação conduzida pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) revelou que o processo de engenharia do Titan foi “inadequado”, resultando em defeitos que impediram a embarcação de atender aos requisitos mínimos de resistência e durabilidade.
O órgão afirmou ainda que a OceanGate não realizou testes suficientes para determinar a real capacidade estrutural do veículo, o que a deixou sem saber a força efetiva do casco antes da viagem fatal.
De acordo com o NTSB, o submersível já apresentava danos prévios e deveria ter sido retirado de operação antes de sua última descida ao Atlântico Norte, onde desapareceu durante a tentativa de alcançar os destroços do Titanic, localizados a cerca de 3.880 metros de profundidade e 600 quilômetros da costa de Newfoundland, no Canadá.
Tragédia anunciada
O Titan, com 6,7 metros de comprimento, tinha uma cabine de passageiros feita de fibra de carbono e extremidades de titânio. Cada participante da expedição pagou até US$ 250 mil para participar da imersão. Além de Rush, estavam a bordo o explorador francês Paul-Henri Nargeolet, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, seu filho Suleman Dawood, de 19 anos, e o bilionário britânico Hamish Harding.
O submersível implodiu a 3.363 metros de profundidade, a poucos metros do local onde repousam os restos do Titanic. Essa foi a segunda versão do veículo, a primeira havia sido descartada após falhas em testes anteriores, segundo o relatório.
Em agosto de 2023, um relatório preliminar da Guarda Costeira dos EUA já havia classificado o acidente como “totalmente evitável”, criticando as “práticas de segurança criticamente falhas” da OceanGate.
Cultura de negligência e desprezo pela segurança
Durante a apuração, o NTSB descobriu problemas profundos na cultura de segurança da empresa. Embora alguns funcionários afirmassem que a segurança era prioridade, outros relataram um ambiente em que preocupações técnicas e estruturais eram ignoradas.
Um ex-diretor de operações marítimas e um técnico da companhia descreveram uma cultura empresarial que minimizava riscos e privilegiava a pressa em atender clientes ricos, chamados internamente de “especialistas de missão”, uma forma de contornar leis norte-americanas que proíbem o transporte de passageiros em veículos experimentais.
O técnico contou ter alertado Stockton Rush sobre a ilegalidade de “rebatizar passageiros pagantes”, ao que o executivo teria respondido:
“Se a Guarda Costeira virar um problema, compro um congressista e resolvo isso.”
Consequências e recomendações
Após a tragédia, a OceanGate encerrou definitivamente suas operações. O relatório final do NTSB aponta que as normas voluntárias dos Estados Unidos e de organismos internacionais foram insuficientes para garantir que a empresa seguisse os padrões de segurança estabelecidos para veículos de pressão tripulados.
O órgão recomendou que a Guarda Costeira dos EUA conduza um estudo detalhado sobre a forma como esses veículos são avaliados e, se necessário, atualize as regulamentações para impedir que tragédias semelhantes ocorram no futuro.
A implosão do Titan, além de evidenciar o risco extremo das expedições privadas em águas profundas, levantou um debate mundial sobre a responsabilidade de empresas que operam fora das normas de segurança marítima.
Para o NTSB, o desastre serve como um alerta sobre os perigos de negligenciar a engenharia e a supervisão técnica em nome da inovação e do lucro.