
Redução da emissão de gases de efeito estufa é um dos principais pontos de combate às mudanças climáticas
A Terra já ultrapassou sete dos nove limites planetários — indicadores que medem se o planeta continua operando dentro das condições necessárias para sustentar uma vida humana segura. É o que aponta o Stockholm Resilience Centre, da Universidade de Estocolmo, em uma nova atualização divulgada em setembro deste ano.
A novidade está para o rompimento do limite seguro da acidificação dos oceanos, causada pelo aumento de CO2 na atmosfera. Sob a presidência do Brasil, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém, deve colocar em pauta políticas globais de combate às alterações do clima.
Limites planetários

“9 limites avaliados, 7 cruzados”: relatório científico destaca que o planeta ultrapassou um novo limite planetário entre 2023 e 2025
Conceito criado em 2009 pelo cientista alemão Johan Rockström, os limites planetários são definidos por nove parâmetros seguros para se manter a vida humana na Terra. Eles funcionam como “pontos de virada” que, ao serem cruzados, podem gerar mudanças ambientais irreversíveis.
Entre os nove existentes, já ultrapassamos sete: mudanças climáticas; perda de biodiversidade; mudanças no uso da terra; uso de água doce; ciclo do nitrogênio e fósforo; poluição química; e, atualizado em 2025, acidificação dos oceanos.
Os dois limites que não cruzamos foram aerossóis na atmosfera e a degradação da camada de ozônio. Ambos foram freados por ações internacionais.
Segundo Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (CEAS) da Universidade de São Paulo (USP), referência internacional em pesquisas sobre mudanças climáticas, o planeta está perto de ultrapassar os limites do espaço de operação segura para a existência da vida.
Artaxo apresentou dados sobre o clima e os temas que as principais economias do mundo devem discutir na COP30 durante a palestra “Sociedade e mudanças climáticas”, do curso de Divulgação Científica para Comunicadores e Jornalistas, oferecido pela USP. Para ele, o assunto deixou de ser apenas uma questão científica e passou a representar um desafio para toda a sociedade.
“É um reflexo da crise ambiental e climática que estamos passando agora, que nós vamos tratar na COP30 e provavelmente nas próximas 40 COPs que vierem pela frente”, analisa o especialista.
Impactos dos gases de efeito estufa
Entre os assuntos a serem pautados pelo Brasil durante a COP30 estão a adaptação às mudanças climáticas e a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pela retenção do calor que a Terra emite.
Uma das principais causas do rompimento dos limites planetários é justamente o aumento constante destas emissões, segundo Artaxo. Dados de 2024 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU responsável por avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas, indicam que o planeta emite 57,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano.
“A maior parte é resultado da queima de combustíveis fósseis. Com as emissões, nós estamos mudando a composição da atmosfera terrestre. Este é o cerne da questão”, afirma.
Brasil como destaque positivo

Cerca de 60% da energia produzida no Brasil vem de usinas hidrelétricas
Atualmente, 81% da energia usada no mundo ainda vem de combustíveis fósseis. Destes, 32% são gerados pela queima de petróleo, 26% pelo carvão e 23% pelo gás natural. Em comparação, a média mundial das energias renováveis, como solar e eólica, é de apenas 8%. As geradas a partir de hidrelétricas somam 4%.
Entre as 20 principais economias do mundo (países do G20), o Brasil se destaca como líder em sustentabilidade na geração de eletricidade: 90% da energia produzida no país é gerada de forma sustentável, com ampla vantagem em relação às demais nações. A energia hidrelétrica representa cerca de 60% da matriz energética brasileira, enquanto apenas 11% da eletricidade vem de fontes não renováveis.
O segundo colocado no ranking é o Canadá, que gera 58% de sua eletricidade a partir de fontes sustentáveis, seguido pela Alemanha, com 50%, segundo dados da Ember (2023).
Objetivos da COP30
O bom exemplo do Brasil e a urgência em reduzir as emissões de GEEs devem ser discutidos na conferência climática de Belém, segundo Paulo Artaxo. Para o especialista, a COP terá que resolver cinco pontos centrais:
- Realizar a transição justa e rápida de combustíveis fósseis para energias sustentáveis;
- Eliminar desmatamento de florestas tropicais até 2030;
- Efetivar mecanismos de financiamento climático para países em desenvolvimento;
- Implementar políticas de adaptação ao novo clima;
- Enfatizar o multilateralismo, reforçando a aliança dos BRICS.
O professor, referência no assunto, analisa que os dois primeiros tópicos devem lidar com cerca de 75% das emissões.
“O que nós vamos fazer até 2030 é crítico para o futuro do planeta como um todo, em particular na segunda metade deste século. Tão importante quanto isso, é quem vai decidir qual caminho vamos traçar. A questão climática é chave para o futuro do planeta”, finaliza Artaxo.

Redução da emissão de gases de efeito estufa é um dos principais pontos de combate às mudanças climáticas
A Terra já ultrapassou sete dos nove limites planetários — indicadores que medem se o planeta continua operando dentro das condições necessárias para sustentar uma vida humana segura. É o que aponta o Stockholm Resilience Centre, da Universidade de Estocolmo, em uma nova atualização divulgada em setembro deste ano.
A novidade está para o rompimento do limite seguro da acidificação dos oceanos, causada pelo aumento de CO2 na atmosfera. Sob a presidência do Brasil, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém, deve colocar em pauta políticas globais de combate às alterações do clima.
Limites planetários

“9 limites avaliados, 7 cruzados”: relatório científico destaca que o planeta ultrapassou um novo limite planetário entre 2023 e 2025
Conceito criado em 2009 pelo cientista alemão Johan Rockström, os limites planetários são definidos por nove parâmetros seguros para se manter a vida humana na Terra. Eles funcionam como “pontos de virada” que, ao serem cruzados, podem gerar mudanças ambientais irreversíveis.
Entre os nove existentes, já ultrapassamos sete: mudanças climáticas; perda de biodiversidade; mudanças no uso da terra; uso de água doce; ciclo do nitrogênio e fósforo; poluição química; e, atualizado em 2025, acidificação dos oceanos.
Os dois limites que não cruzamos foram aerossóis na atmosfera e a degradação da camada de ozônio. Ambos foram freados por ações internacionais.
Segundo Paulo Artaxo, coordenador do Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (CEAS) da Universidade de São Paulo (USP), referência internacional em pesquisas sobre mudanças climáticas, o planeta está perto de ultrapassar os limites do espaço de operação segura para a existência da vida.
Artaxo apresentou dados sobre o clima e os temas que as principais economias do mundo devem discutir na COP30 durante a palestra “Sociedade e mudanças climáticas”, do curso de Divulgação Científica para Comunicadores e Jornalistas, oferecido pela USP. Para ele, o assunto deixou de ser apenas uma questão científica e passou a representar um desafio para toda a sociedade.
“É um reflexo da crise ambiental e climática que estamos passando agora, que nós vamos tratar na COP30 e provavelmente nas próximas 40 COPs que vierem pela frente”, analisa o especialista.
Impactos dos gases de efeito estufa
Entre os assuntos a serem pautados pelo Brasil durante a COP30 estão a adaptação às mudanças climáticas e a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pela retenção do calor que a Terra emite.
Uma das principais causas do rompimento dos limites planetários é justamente o aumento constante destas emissões, segundo Artaxo. Dados de 2024 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU responsável por avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas, indicam que o planeta emite 57,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano.
“A maior parte é resultado da queima de combustíveis fósseis. Com as emissões, nós estamos mudando a composição da atmosfera terrestre. Este é o cerne da questão”, afirma.
Brasil como destaque positivo

Cerca de 60% da energia produzida no Brasil vem de usinas hidrelétricas
Atualmente, 81% da energia usada no mundo ainda vem de combustíveis fósseis. Destes, 32% são gerados pela queima de petróleo, 26% pelo carvão e 23% pelo gás natural. Em comparação, a média mundial das energias renováveis, como solar e eólica, é de apenas 8%. As geradas a partir de hidrelétricas somam 4%.
Entre as 20 principais economias do mundo (países do G20), o Brasil se destaca como líder em sustentabilidade na geração de eletricidade: 90% da energia produzida no país é gerada de forma sustentável, com ampla vantagem em relação às demais nações. A energia hidrelétrica representa cerca de 60% da matriz energética brasileira, enquanto apenas 11% da eletricidade vem de fontes não renováveis.
O segundo colocado no ranking é o Canadá, que gera 58% de sua eletricidade a partir de fontes sustentáveis, seguido pela Alemanha, com 50%, segundo dados da Ember (2023).
Objetivos da COP30
O bom exemplo do Brasil e a urgência em reduzir as emissões de GEEs devem ser discutidos na conferência climática de Belém, segundo Paulo Artaxo. Para o especialista, a COP terá que resolver cinco pontos centrais:
- Realizar a transição justa e rápida de combustíveis fósseis para energias sustentáveis;
- Eliminar desmatamento de florestas tropicais até 2030;
- Efetivar mecanismos de financiamento climático para países em desenvolvimento;
- Implementar políticas de adaptação ao novo clima;
- Enfatizar o multilateralismo, reforçando a aliança dos BRICS.
O professor, referência no assunto, analisa que os dois primeiros tópicos devem lidar com cerca de 75% das emissões.
“O que nós vamos fazer até 2030 é crítico para o futuro do planeta como um todo, em particular na segunda metade deste século. Tão importante quanto isso, é quem vai decidir qual caminho vamos traçar. A questão climática é chave para o futuro do planeta”, finaliza Artaxo.
