A família de Djidja, ex-sinhazinha do Boi Garantido, está sob investigação por tráfico de drogas e associação ao tráfico. A empresária, de 32 anos, foi encontrada sem vida, na terça-feira (28), em Cidade Nova, Manaus (AM).
Três funcionários da rede de salões Belle Femme, comandada pela família, estão na mira da polícia. Durante as operações nas unidades da rede, foram encontradas centenas de seringas, algumas prontas para uso, além de doses da droga.
“A prisão salvou a família, salvou a vida deles. Se essa operação tivesse sido deflagrada algumas semanas atrás, a Djidja estaria viva. Ela estaria presa, mas estaria viva. Então, reconhecemos a função social dessa operação”, disse Nauzila, o delegado responsável pelo caso.
Após a detenção, a mãe e o irmão revelaram à defesa que desenvolveram uma dependência em menos de um ano de uso. Eles teriam induzido funcionários a consumir ketamina, uma droga conhecida por seus fortes efeitos alucinógenos. Djidja Cardoso era investigada por fazer parte da seita ‘Pai, Mãe, Vida’ com a família.
“A decisão de começar a usar drogas é individual. Todas as pessoas envolvidas são adultas, isso é muito importante. Por isso afirmamos que não existe seita, não existe ritual macabro: todas as declarações deles, os vídeos que circulam na internet, todos esses elementos de prova, são fruto de alucinações extremamente severas de uma droga que está destruindo famílias”, explicou a advogada Nauzila Campos.
Segundo a defesa, Cleusimar e Ademar estavam em estado de insanidade mental enquanto sob efeito da droga. Conforme o advogado Vilson Benayon, a família não vendia os medicamentos, apenas os adquiria para uso próprio.
Batizada de “Pai, Mãe, Vida”, a suposta seita criada pela mãe de Djidja, Cleusimar, e o irmão, Ademar, tinha forte cunho religioso. Os três acreditavam ser, respectivamente, Maria Madalena, Maria e Jesus Cristo.
“A morte tem peculiaridades, principalmente pela possibilidade de uso de fármacos psicotrópicos. Há a possibilidade de ter havido um abuso que levou ao óbito dela (…) Não trabalhamos ainda com a hipótese de homicídio. Para que eu possa dizer que teve uma morte violenta e um homicídio, preciso de elementos de autoria. É o que estamos levantando”, explica o delegado Daniel Antony, da Delegacia de Homicídios.