Pedro Vasconcelos, diretor de renomadas novelas da TV Globo como Alma Gêmea (2005) e A Força do Querer (2017), usou as redes sociais para comentar sobre a nova fase da emissora. Nos últimos anos, a Globo tem optado por contratos por obra ao invés de contratos de exclusividade com seus principais atores.
Vasconcelos expressou preocupação de que esse novo modelo de trabalho possa prejudicar a conexão do público com os personagens. Ele citou o exemplo de José Aristides, personagem de Alma Gêmea interpretado por André Gonçalves. Quando leu os primeiros roteiros, o diretor percebeu que o papel exigia um “profissional altamente qualificado na arte da interpretação”.
“Nesse momento, além da novela, você deve pensar na carreira de quem você vai depositar o fardo. Vi muitos amigos e colegas terem suas carreiras destruídas por assumirem responsabilidades que não estavam à sua altura”, afirmou o ex-diretor da Globo.
Pedro Vasconcelos avaliou que “a culpa não é do ator ou da atriz, mas de quem o coordena, quem se responsabiliza por uma novela; ou seja, a culpa de uma interpretação aquém da necessidade é do diretor”.
Segundo o Notícias da TV, pesquisadores de televisão já identificaram que a ausência de atores de renome em novelas tem prejudicado o andamento de cenas complexas. Lucas Martins Neia, autor do livro Como a Ficção Televisiva Moldou um País: Uma História Cultural da Telenovela Brasileira, afirmou que cortar bruscamente os contratos dos atores da casa “não é uma estratégia inteligente”.
A análise sugere que deveria haver outra forma para a Globo encerrar os contratos de artistas que possuíam supersalários sem prejudicar as escalações. Atualmente, importantes nomes da empresa têm recusado trabalhos em grandes tramas. Murilo Benício e Sérgio Malheiros, por exemplo, não aceitaram as condições financeiras para atuarem em Mania de Você – próxima trama das 21h – e Família é Tudo, respectivamente.