Em uma reportagem do The New York Times, o veículo norte-americano descreve transformações ocorridas na aldeia indígena dos Marubo, no Brasil, após a chegada da internet de alta velocidade proporcionada pela Starlink, empresa de Elon Musk.
Os Marubo, que há muito vivem em cabanas comunitárias espalhadas ao longo do Rio Ituí, na floresta amazônica, são conhecidos por sua cultura preservada. Eles falam sua própria língua, tomam ayahuasca para se conectar com os espíritos da floresta e caçam macacos-aranha para fazer sopa ou mantê-los como animais de estimação. Esse modo de vida foi mantido por séculos através do isolamento, com algumas aldeias podendo levar uma semana para serem alcançadas.
Desde setembro, a realidade dos Marubo começou a mudar com a instalação do serviço de internet via satélite da Starlink. Agora, a tribo de 2.000 membros, assim como centenas de outras em todo o Brasil, está conectada ao mundo digital. A chegada da internet trouxe uma série de benefícios, como a possibilidade de realizar videochamadas com entes queridos distantes e solicitar ajuda em emergências. Tsainama Marubo, uma anciã de 73 anos, disse ao The New York Times: “Quando chegou, todos ficaram felizes.”
No entanto, a conexão também trouxe problemas, segundo o jornal. “Mas agora, as coisas pioraram”, disse Tsainama. Sentada no chão de terra da maloca de sua aldeia, ela mencionou que os jovens estavam se desinteressando por atividades tradicionais, como fazer tintas corporais e joias de conchas. “Os jovens ficaram preguiçosos por causa da internet. Eles estão aprendendo os modos dos brancos”, lamentou. Mesmo assim, ela fez uma ressalva: “Mas por favor, não nos tirem a internet.”
A reportagem menciona também que os Marubo estão lidando com problemas comuns em sociedades conectadas: adolescentes grudados em telefones, fofocas em grupos de bate-papo, redes sociais viciantes, estranhos online, jogos de vídeo violentos, golpes e indígenas condomínio pornografia — incluíndo menores. Essas questões, que a sociedade moderna vem enfrentando ao longo de décadas, agora se apresentam de uma só vez, observa o NYT, dizendo que, até então, Marubo e outras tribos indígenas resistiam o processo de modernidade por gerações.